domingo, 24 de fevereiro de 2008

Dívidas globais

Agência FAPESP (22/01/2008 ) – O crescimento econômico tem um preço, que não recai de maneira uniforme em todos envolvidos. Como o meio ambiente vai além de fronteiras políticas, o impacto de danos ecológicos promovidos por um país é sentido em outros e eventualmente em todo o mundo.
Esse raciocínio estimulou um grupo de cientistas baseado nos Estados Unidos e no Canadá a tentar determinar que países estão à frente dos danos ambientais e quais têm pago mais por isso. Os resultados do estudo foram publicados nesta segunda-feira (21/1) na edição on-line e estarão em breve na versão impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas).
De acordo com os pesquisadores, os danos foram promovidos especialmente pelos países mais ricos, mas os impactos têm ocorrido em outros locais.
“À medida que os impactos humanos no ambiente se aceleram, aumentam as disparidades na distribuição dos danos entre os países ricos e pobres. Até agora, não haviam sido estimadas a distribuição dos prejuízos ecológicos nem suas forças motrizes”, descreveram os autores.
Thara Srinivasan, do Laboratório de Ecologia Computacional da Universidade da Califórnia em Berkeley, e colegas estimaram os custos das atividades humanas de 1961 a 2000 divididos em seis categorias principais: mudanças climáticas, redução do ozônio estratosférico, intensificação e expansão agrícola, desflorestamento, pesca predatória e conversão de mangues.
Os resultados foram alarmantes. Segundo o estudo, as seis categorias representaram custos no período de US$ 47 trilhões, em valores atuais. Outra constatação é que o impacto dos danos ambientais nos países mais pobres representa freqüentemente um peso financeiro maior do que os valores de suas dívidas externas, por conta de fatores como a degradação de áreas agrícolas, esgotamento de reservas naturais ou poluição.
Um dos principais indicadores destacados foi o da emissão de gases causadores do efeito estufa. O grupo das nações mais pobres foi responsável por 13% das emissões, apesar de contar com 32% da população mundial. Os países mais ricos, com 18% da população, responderam por 42% das emissões. Os em desenvolvimento, considerados para o estudo como de renda média, com 50% da população, ficaram com 45% das emissões.
“Em uma base per capita, estimamos que os cidadãos com maior renda foram responsáveis por 5,7 vezes mais emissões do que os de menor renda, mas esses últimos acabaram com um impacto econômico por danos climáticos mais de duas vezes maior do que o valor de suas emissões”, ressaltaram.
Apesar de destacarem que os valores da pesquisa não precisam ser interpretados literalmente, os autores sugerem que a globalização e o crescimento econômico devem levar em conta os custos ecológicos.
O artigo The debt of nations and the distribution of ecological impacts from human activities, de U. Thara Srinivasan e outros, pode ser lido por assinantes da Pnas em www.pnas.org.

Fonte: Agência FAPESP - disponível em: http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?id=8324

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Artigo

ARNALDO ANTUNES
ESPECIAL PARA A FOLHA

É DE derrubar o queixo o artigo de Nelson Ascher de 4 de fevereiro, nesta Ilustrada, em que declara que "o lobby mais poderoso e articulado é, semdúvida, o dos verdes ou ecologistas", que estaria impondo ao mundo inúmerasrestrições, baseado em "males imaginários".Tendo em conta as enormes dificuldades para conseguir reduzir minimamente osefeitos de uma situação planetária que vem se revelando muito mais alarmantedo que até então todos supúnhamos, tal afirmação do colunista parece umapiada de mau gosto.A urgência em se tratar da questão ambiental vem sendo comprovada porinúmeras pesquisas científicas e evidências incontestáveis, a despeito dasjá reportadas pressões que o governo americano vem exercendo sobre seuscientistas para atenuarem, retardarem, alterarem ou excluírem suasconclusões sobre o meio ambiente dos relatórios oficiais.Nelson Ascher repete aqui a ladainha do "não é bem assim", que vem sendousada com freqüência pelos representantes dos interesses das indústriaspoluentes para tapar o sol com a peneira e não alterar suas condutas emrelação ao meio ambiente. Faz isso desde o título de seu texto ("Quente ou
frio?"), pondo em dúvida, não só o aquecimento global, como também aresponsabilidade humana sobre ele.É claro que medidas ecológicas implicam diretamente reduções drásticas noslucros imediatos de determinados grupos empresariais, diante dos quais asreivindicações dos ambientalistas (como reduções nas emissões de CO2,tratamento adequado do lixo, descontaminação das águas, restrição aodesmatamento das florestas) ainda engatinham, contra muita resistência epouca consciência.Metáforas medonhasAo mesmo tempo, não é de espantar a postura de Nelson Ascher, para quem jávem acompanhando, em doses semanais, sua campanha a favor da desastrosapolítica externa da administração Bush e de seus métodos para combater oterrorismo internacional.Nos primeiros momentos da invasão norte-americana no Iraque, Aschercomemorou com entusiasmo a suposta vitória (com metáforas medonhas como asde bombas caindo como pizzas "delivery"), sem perceber o quanto não setratava de um termo, e sim do início de um conflito armado que se estendeaté hoje, sem uma solução à vista.Dessa visada, seu artigo parece fazer sentido, pois serve bem ao que almejaa nova ordem americana (marcada pela intolerância nas relações exteriores,assim como pela recusa em aceitar as restrições internacionais para controledo aquecimento global), contra o que já chamou, em outros artigos, de "velhaEuropa".Ainda, para Nelson Ascher, os defensores do meio ambiente seriamresponsáveis por uma série de "proibições" que, "poucas décadas atrás,teriam parecido ridículas": "baniram os bifes", "eliminaram ostransgênicos", "proscreveram os vôos internacionais", "tornaram proibitivo ouso de automóveis", "plastificaram as genitálias alheias para limitar aprodução de bebês", "criminalizaram a obesidade, o fumo etc.".Um mínimo de sensatez basta para duvidar da maioria dessas colocações. O
culto à forma física e a proibição ao fumo têm origem mais ligada a questõesde saúde pública e conservadorismo moral do que à defesa do meio ambiente.Por sua vez, o uso de preservativos -apesar de atualmente ter mais relaçãodireta com a ameaça da Aids e de outras doenças sexualmente transmissíveisdo que com causas ecológicas, como o controle de natalidade- apresenta umaalternativa libertária e necessária, contra a qual o puritanismo das forçasneoconservadoras (as mesmas que tentam substituir Darwin por Adão e Eva noensino primário) investe com a defesa das relações monogâmicas e do sexoapenas com fins de procriação. Quanto às outras restrições, parecemilusórias ante a constatação da realidade cotidiana.As ofertas para consumo de carne aumentaram em quantidade e variedade nasúltimas décadas, e não parece preciso lembrar aqui que parte da florestaamazônica vem sendo devastada para se tornar pasto. Os preços das passagenspara vôos internacionais caíram consideravelmente. As facilidades de compraparcelada de automóveis também aumentaram, ao ponto de o número de veículosnas ruas levar a uma situação indomável, da qual nenhuma espécie de rodízioparece dar conta.Enfim, por mais que nos queira fazer crer no contrário o colunista, o fato éque venceu a cultura do excesso, do desperdício e da irresponsabilidade emrelação a um futuro que não seja imediato.É por isso que, a cada dia mais, temos que conviver com insanidades como,para ficar em pequenos exemplos, guardanapos de papel embrulhados um a um emembalagens plásticas, canudos de plástico revestidos um a um em embalagensde papel, sachês de material plástico embalando pequenas porções demostarda, ketchup, azeite, maionese etc., que, numa estúpida assepsia (quehá poucas décadas, sim, pareceria ridícula), vêm, gota a gota, degradando oplaneta.Era BushE, é claro, esse estado de coisas combina bem com a conjunção deintransigências que marca a era Bush, apoiada principalmente pelos lobbies
das indústrias petrolífera e armamentista, não só imensamente mais poderosasdo que as que lutam pela preservação do meio ambiente, como também cominteresses antagônicos a elas.Muito mais graves do que as "proibições" atribuídas por Ascher aosecologistas são as restrições à liberdade individual levadas a cabo pelogoverno americano em sua campanha antiterrorista -correspondências violadas,prisões sem mandados ou advogados, perseguições a pessoas que se oponham àguerra, cerceamento de manifestações de rua, restrições crescentes paraconcessões de vistos a imigrantes.Mas o que é mais inaceitável é a afirmação de que "a preocupação exacerbadacom o clima e o meio ambiente, coisas cujo funcionamento se conhece pouco emal, já resultaria em problemas imediatos, pois, para a parcela miserável dahumanidade, dificulta cada vez mais a superação de seu estado", ante aevidência de que os mais desfavorecidos economicamente são também os quemais sofrem as conseqüências das contaminações tóxicas e dos desviosnaturais decorrentes delas.Além disso, Ascher ignora os inúmeros projetos de inclusão socialrelacionados à coleta seletiva de lixo e reciclagem, por exemplo, entreoutras iniciativas ecológicas.Quanto ao Protocolo de Kyoto (que os EUA não assinaram, apesar de serem osmaiores contaminantes), cujas metas parecem hoje insuficientes diante dosmais recentes relatórios sobre a situação ambiental, o articulista afirma"sabermos que era praticamente inútil, que as nações mais vocalmenteempenhadas em seu sucesso têm sido as que mais longe ficaram das metaspropostas", como se uma lei devesse deixar de existir apenas pelo fato delanão estar sendo devidamente cumprida.Há pessoas que defendem esse estado de coisas dizendo: "poderia ser pior",como no caso da ordem mundial ser tomada pelo fundamentalismo islâmico, emque todos os considerados "infiéis" poderiam sofrer violência desmedida.
Eu acho que deveríamos pensar: "poderia ser melhor", se os Estados Unidos eos países que os seguem assumissem seus compromissos com o controle deabusos ambientais; se houvesse maior liberdade de trânsito entre asfronteiras; se a intolerância desse lugar ao diálogo; se todos pensassem nãosó nos seus filhos e netos, mas também nos tataranetos dos seus tataranetos.
ARNALDO ANTUNES é poeta, compositor e cantor

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Sejam Bem - Vindos

Levar a informação, o conhecimento, o entendimento é dever daqueles que trabalham com as questões ambientais que hoje estão presentes em todas as áreas do conhecimento. Sendo assim muito mais que meio, trataremos aqui do ambiente, seja ele rural ou urbano, em escolas ou empresas, no governo ou fora dele.
Traremos aqui por meio de artigos de nós organizadores e de nossos amigos que pesquisam e desenvolvem trabalhos sobre ambiente ou para aqueles que insistem em dividir, meio ambiente.
E você que entra aqui para informar-se tem o dever de participar e contribuir para que as idéias postas aqui não se tornem ou não pareçam a verdade absoluta!!!
O Convite esta feito...agora é só entrar na roda!!